quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cristiane Soares Diniz - Resenhas: POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re) escrevendo. Campinas: MEC/CEFIEL, IEL, 2007.


UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X
LICEEI: LICENCIATURA INTERCULTURAL EM EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA
 DISCUPLINA: Língua portuguesa e sociolinguística indígena II.
DOCENTE: Maria Nazaré Lima
POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re) escrevendo. Campinas: MEC/CEFIEL, IEL, 2007.
                            Resenhado por: Cristiane Soares Diniz
  
O texto intitulado Aprender a escrever (re) escrevendo é de autoria de Sírio Possenti, doutor em linguística e livre docente pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp/Brasil. Professor da graduação e do Programa de Pós-graduação em Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp.
O capítulo é subdividido em cinco partes, nas quais o autor aborda a produção da escrita, mostrando as práticas desta e explicando os erros da grafia. Deixando claro que temos que “escrever certo e escrever bem”, obedecendo às regras exigidas, que só aprendemos a escrever reescrevendo, sendo que esta escrita deve ser constante.
Sírio Possenti não dá detalhes sobre as condições para uma adequada produção escrita, também não sugere “técnicas” para favorecer ou facilitar a produção de textos. Entretanto, o autor afirma que o domínio da escrita é consequência de uma prática em dois sentidos opostos.
O primeiro é o domínio da escrita, “facilitado” se a escrita escolar levar em conta o funcionamento da escrita na sociedade e se forem consideradas na prática escolar algumas características que a leitura tem na sua prática social. O segundo sentido é que o domínio da escrita depende de que ela seja praticada, ou seja, que os estudantes escrevam regularmente, na escola e fora dela.
Apesar do objetivo do autor não seja fornecer indicações de como escrever na escola, ele cita três casos que no olhar dele podem ajudar professores a “disparar” o processo de escrita. Mas embora o objetivo não seja discutir as condições de produção de textos, essas indicações mostram que não é adequado solicitar que alunos escrevam um texto a partir de um título ou de um texto fornecido pelo professor.
O autor deixa claro que a indicação dos exemplos tem por objetivo dar um fim à prática da redação escolar, para substituí-la por práticas de produção de textos.
Em seguida, Possenti fala da história da escrita do livro no Ocidente, mostrando que sua produção seguiu (e ainda segue), passos numerosos. Destaca dois passos: o autor escreve um texto por querer ou por encomendar; depois o autor entrega ao editor, e o texto costuma se modificar.
Em alguns jornais ou revistas, os textos passam pela revisão de um chefe e pela de especialistas em língua.
Essas práticas deveriam ser levadas em consideração pela escola para que a escrita tenha sentido. E apesar das normas, impostas pelas escolas, mais ou menos arbitrárias, o autor considera que também fora da escola há normas bem mais rígidas para a escrita.
O autor ressalta que para escrever certo, não basta aplicar as regras da gramática, pois o conhecimento de regras não leva necessariamente ao acerto na prática.
Possenti destaca que os erros de grafia são devidos a três ou quatro razões, tais como: Falta de uniformidade na correspondência entre som e letra, diferença de pronúncia de certos segmentos; variação dicionarizada da palavra e a forma falada.
O autor dá exemplos de como a educação está associada ao domínio da ortografia correta e ostenta prestígio, ele também destaca que esse domínio é ao contrário do que a sociedade pensa, um saber pouco relevante, exceto por seu valor simbólico.
Para termos razoável clareza sobre a questão das razões dos erros, o autor indica a leitura do texto “Erros escolares como sintomas de tendências linguísticas no português do Rio de Janeiro”, de Mattoso Câmara.
A leitura do presente texto me fez refletir sobre as minhas práticas, apontando o entendimento da origem dos erros e de que forma podemos ajudar nossos alunos.
As reflexões acerca do texto, trás a esperança de que é possível a conquista da boa escrita, escrevendo e reescrevendo textos que tenham sentido e que podemos aprender com os nossos erros e julgamentos prévios. Através da escrita e reescrita, o aluno consegue dominar as regras da gramática.
Recomendo a leitura deste texto a todos os professores das escolas indígenas, pois assim como o texto me ajudou a interpretar as dificuldades da escrita, espero que ajude a outros professores.

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